

Em uma virada histórica na política boliviana, o senador Rodrigo Paz, representante do Partido Democrata Cristão, venceu o segundo turno das eleições presidenciais realizado neste domingo (19), pondo fim a quase duas décadas de hegemonia da esquerda no país.
De acordo com os resultados preliminares divulgados pelo Tribunal Eleitoral, Paz obteve 54,5% dos votos, superando o conservador Jorge “Tuto” Quiroga, que ficou com 45,5%. O novo presidente tomará posse oficialmente em 8 de novembro, marcando o início de uma nova fase para a Bolívia.
Apesar da vitória expressiva nas urnas, Paz enfrentará um desafio político significativo: seu partido não conquistou maioria no Parlamento, o que exigirá alianças estratégicas para garantir governabilidade e aprovação de reformas.
Durante seu discurso de vitória em La Paz, o novo presidente afirmou que pretende reposicionar o país no cenário internacional.
“Precisamos abrir a Bolívia para o mundo”, declarou, após o adversário reconhecer a derrota.
A eleição de Rodrigo Paz representa o fim da longa influência do Movimento ao Socialismo (MAS), partido fundado pelo ex-presidente Evo Morales e que dominou a política nacional desde 2006. Com uma proposta de centro moderado, Paz promete manter os programas sociais implementados pelos governos anteriores, mas com foco em um crescimento econômico sustentado pelo setor privado.
Sua abordagem equilibrada atraiu tanto os eleitores cansados do MAS quanto aqueles que temiam as medidas de austeridade defendidas por Quiroga. Analistas consideram o resultado um divisor de águas na história recente do país.
“Essa eleição marca um ponto de inflexão política. A Bolívia está caminhando em uma nova direção”, avaliou Glaeldys González Calanche, especialista do International Crisis Group.
Curiosamente, Rodrigo Paz é o terceiro membro de sua família a ocupar a presidência da Bolívia, consolidando uma tradição política que atravessa gerações.
A vitória de Paz foi impulsionada pelo descontentamento popular com a pior crise econômica em uma geração, que provocou queda na renda e aumento do desemprego. O apoio ao MAS despencou já no primeiro turno, em meio à insatisfação generalizada com a condução econômica do governo.
Tanto Paz quanto Quiroga defenderam durante a campanha o estreitamento das relações diplomáticas com os Estados Unidos, que permaneceram estremecidas desde 2009. O objetivo é reaproximar a Bolívia de parceiros ocidentais e buscar novas fontes de financiamento para reverter o cenário de instabilidade financeira.
Em setembro, Paz anunciou negociações avançadas para um acordo de cooperação econômica de US$ 1,5 bilhão com Washington, destinado a garantir o abastecimento de combustíveis e fortalecer a infraestrutura energética do país.
O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, celebrou o resultado como uma oportunidade de renovação nas relações bilaterais:
“Ambos os candidatos manifestaram o desejo de construir laços mais fortes com os Estados Unidos. Esta eleição representa uma chance transformadora para a Bolívia”, afirmou em declaração recente.
Com a vitória de Rodrigo Paz, a Bolívia inicia um período de redefinição política e econômica, no qual o desafio será conciliar estabilidade social, crescimento sustentável e modernização das instituições.
A expectativa é de que o novo governo adote um discurso conciliador, promovendo diálogo entre diferentes forças políticas e restaurando a confiança dos investidores estrangeiros — um passo essencial para reconstruir a economia boliviana e abrir caminho para uma nova era de prosperidade.