

Com a crescente busca por uma vida mais saudável e sustentável, as hortas urbanas estão se tornando uma tendência cada vez mais presente, especialmente entre moradores de apartamentos. Mesmo em espaços pequenos e com pouca luz natural, cultivar seus próprios temperos, ervas e hortaliças se tornou possível — e extremamente gratificante.
Mas um dos grandes desafios enfrentados por quem cultiva plantas dentro de casa é a produção de um adubo natural e de qualidade, sem depender de produtos químicos ou espaço ao ar livre. Como transformar restos orgânicos em um fertilizante poderoso quando se vive em um apartamento compacto, muitas vezes sem varanda ou quintal?
A resposta está na compostagem caseira com baldes empilhados — uma solução prática, acessível e eficiente, perfeita para ambientes urbanos. Neste artigo, você vai aprender passo a passo como montar esse sistema, usando materiais simples, com dicas especiais para quem cultiva hortas em locais com pouca luminosidade. Vamos transformar lixo em vida?
Por Que Optar por Compostagem com Baldes Empilhados?
Quando se trata de compostagem em apartamentos, especialmente em ambientes com pouco espaço e iluminação natural limitada, o sistema de baldes empilhados se destaca como uma das opções mais inteligentes e acessíveis.
A principal vantagem desse método é o formato vertical, que permite empilhar os baldes de forma compacta, ocupando o mínimo de espaço possível. Ele pode ser instalado em cantos da cozinha, área de serviço ou até mesmo dentro de armários ventilados — tudo sem comprometer a circulação nem a estética do ambiente.
Outro ponto positivo é que não há necessidade de luz solar direta, já que o processo de decomposição ocorre dentro dos baldes fechados. Isso o torna perfeito para quem mora em apartamentos com janelas pequenas, sem sacada ou com baixa incidência de sol.
Além disso, o custo é extremamente baixo. É possível montar sua composteira reutilizando baldes plásticos de tintas, alimentos ou produtos de limpeza, que muitas vezes seriam descartados. Com alguns ajustes simples — como furos de ventilação e drenagem —, você transforma esses recipientes em uma miniusina de adubo natural.
Portátil, discreto, econômico e sustentável, o sistema de compostagem com baldes empilhados é uma excelente escolha para quem deseja reduzir o lixo orgânico e nutrir sua horta caseira com fertilizante de alta qualidade, mesmo em um apartamento pequeno.
Materiais Necessários
Montar um sistema de compostagem com baldes empilhados é simples, econômico e não exige equipamentos sofisticados. Com poucos itens — muitos deles reutilizáveis —, você já pode dar início à sua produção de adubo orgânico em casa. Veja o que você vai precisar:
1. Baldes plásticos empilháveis com tampa (3 ou mais)
Esses serão os principais recipientes da sua composteira. O ideal é que sejam baldes de plástico resistente, com capacidade entre 15 e 20 litros cada. Você pode reutilizar baldes de tintas, massas ou produtos de limpeza (bem lavados). Eles devem ter tampa para conter odores e evitar a entrada de insetos.
2. Broca ou ferramenta para perfuração
Será necessário furar os baldes para permitir a aeração e a drenagem dos líquidos gerados no processo de decomposição. Você pode usar uma furadeira com broca fina ou até um ferro quente, com cuidado. Faça furos no fundo e nas laterais superiores dos baldes intermediários.
3. Resíduos orgânicos
São os restos de alimentos que servirão de matéria úmida na compostagem: cascas de frutas, restos de legumes, borra e filtro de café, sachês de chá, entre outros. Evite carnes, laticínios e alimentos muito temperados ou oleosos, pois podem causar mau cheiro.
4. Matéria seca
Essencial para equilibrar a umidade e evitar odores. Você pode usar papel picado (sem tinta colorida), folhas secas, serragem ou papelão não plastificado. O ideal é manter uma proporção de 1 parte de matéria seca para cada 2 partes de resíduos úmidos.
5. Recipiente para coletar chorume
O balde da base deve ficar sem furos para servir como coletor do líquido gerado — o chamado chorume, que pode ser diluído e usado como fertilizante líquido para as plantas. Um pequeno copo ou torneirinha também pode ser adaptado na parte inferior para facilitar a coleta.
Com esses materiais em mãos, você estará pronto para montar sua composteira com baldes empilhados e transformar resíduos em um adubo nutritivo, ideal para suas hortas e vasos — mesmo que você more em um apartamento pequeno e com pouca luz natural.
Passo a Passo: Como Montar o Sistema
A compostagem com baldes empilhados é uma solução prática e acessível para quem vive em apartamentos pequenos. Siga este passo a passo simples para montar seu sistema e começar a transformar resíduos orgânicos em adubo de qualidade, mesmo em ambientes com pouca iluminação.
1. Perfuração dos baldes: furos de drenagem e ventilação
Balde superior e intermediário: Com a ajuda de uma furadeira ou ferramenta de perfuração, faça pequenos furos no fundo desses baldes. Eles permitirão a passagem do chorume para o balde coletor (base) e ajudarão na aeração.
Laterais superiores: Faça também alguns furos nas laterais próximas à tampa para garantir a ventilação, o que é essencial para evitar odores e acelerar o processo de decomposição.
Balde da base: Esse balde não deve ser perfurado — ele servirá como recipiente para coletar o chorume que escorrer dos baldes superiores.
2. Montagem em camadas: restos úmidos e secos alternados
Comece colocando uma camada de matéria seca (papel picado, folhas secas, serragem) no fundo do balde superior.
Em seguida, adicione uma camada de resíduos orgânicos úmidos, como cascas de frutas, legumes ou borra de café.
Alterne as camadas de matéria seca e úmida, sempre finalizando com uma camada seca para controlar a umidade e afastar insetos.
Evite encher o balde até a tampa — deixe pelo menos 5 a 10 cm de espaço livre.
3. Organização dos baldes: digestão, coleta de chorume, maturação
Balde superior: É o que está em uso, onde você deposita os resíduos diariamente.
Balde intermediário (opcional): Serve como fase de transição — você pode usá-lo quando o balde superior estiver cheio e quiser dar início à decomposição.
Balde inferior (base): Coleta o chorume que escorre dos baldes superiores. Esse líquido pode ser armazenado, diluído em água (na proporção de 1:10) e usado como fertilizante líquido.
Dica: Após encher um balde, deixe-o “descansar” por algumas semanas para que o composto possa maturar, enquanto inicia outro balde em uso.
4. Tampa e proteção contra insetos
Mantenha os baldes sempre fechados com tampa, principalmente os que estão recebendo resíduos frescos.
Certifique-se de que as tampas estejam bem encaixadas, mas com espaço suficiente para o ar circular — os furos laterais ajudam nesse equilíbrio.
Se necessário, cubra os furos com tela fina ou gaze para impedir a entrada de mosquinhas e outros insetos, sem bloquear a ventilação.
Manutenção e Cuidados
Manter seu sistema de compostagem com baldes empilhados em bom funcionamento é simples, mas requer atenção a alguns cuidados básicos. Esses pequenos gestos garantem que a decomposição ocorra de forma eficiente, sem mau cheiro ou presença de insetos, mesmo em apartamentos pequenos e com pouca ventilação.
Frequência de mistura dos resíduos
Misturar o conteúdo do balde a cada 3 a 5 dias ajuda a:
Aumentar a oxigenação dentro do sistema.
Acelerar a decomposição dos resíduos.
Evitar o acúmulo de líquidos em excesso, que pode gerar mau cheiro.
Use uma pazinha de jardinagem ou um pedaço de madeira para revolver o material com cuidado, respeitando o espaço do balde e as camadas formadas.
Como evitar mau cheiro e mosquinhas
Mau cheiro e presença de mosquinhas são sinais de desequilíbrio na compostagem. Veja como evitá-los:
Excesso de umidade: sempre finalize as camadas com matéria seca (papel picado, serragem, folhas secas). Isso ajuda a absorver o excesso de líquidos.
Falta de aeração: os furos nas laterais e a mistura periódica evitam que o sistema se torne anaeróbico (sem oxigênio).
Tampa mal vedada: certifique-se de que os baldes estejam fechados, mas com boa ventilação. Você pode usar telas de tule nos furos para impedir o acesso de mosquinhas.
Dica: evite adicionar grandes volumes de frutas cítricas, alho, cebola e alimentos cozidos — eles fermentam facilmente e atraem insetos.
Como e quando coletar o adubo líquido
O balde inferior coleta o chorume — o líquido gerado naturalmente durante a decomposição.
Faça a coleta a cada 7 a 10 dias, dependendo do volume de resíduos.
Use um copo ou jarra para retirar o líquido com cuidado.
Dilua sempre na proporção de 1 parte de chorume para 10 partes de água antes de usar como fertilizante em plantas.
Essa solução é rica em nutrientes e pode ser usada para regar vasos, hortas verticais e plantas ornamentais.
Tempo médio para transformação dos resíduos
O tempo de decomposição pode variar conforme:
Temperatura ambiente
Tipo de resíduos adicionados
Equilíbrio entre matéria úmida e seca
Em geral, o composto começa a ficar pronto após 30 a 60 dias, e estará completamente maturado entre 60 e 90 dias. O material pronto terá aspecto de terra escura, com cheiro agradável de húmus, sem reconhecer os resíduos originais.
Utilização do Adubo em Hortas com Pouca Luz
Após algumas semanas de compostagem com baldes empilhados, você terá em mãos dois tipos valiosos de adubo: húmus (matéria orgânica sólida transformada) e chorume diluído (adubo líquido). Mesmo em hortas com pouca luz, é possível utilizá-los de forma eficiente para fortalecer o crescimento das plantas e manter um cultivo saudável.
Como aplicar o húmus e o chorume diluído nas plantas
Húmus: aplique diretamente sobre o solo dos vasos, como uma cobertura nutritiva. Você também pode misturá-lo ao substrato na hora de replantar ou transplantar mudas. Use uma camada de 1 a 2 cm na superfície, reaplicando a cada 30 dias.
Chorume diluído: dilua o líquido na proporção de 1 parte de chorume para 10 partes de água. Use a mistura para regar as plantas uma vez por semana. Esse adubo líquido fornece nutrientes de rápida absorção e pode ser especialmente útil para plantas com menor acesso à luz.
Dica: A aplicação deve ser feita preferencialmente pela manhã ou ao fim da tarde, evitando horários de calor excessivo, mesmo em ambientes internos.